Sozinho no meio de toda gente
Como um caixote do lixo desamparado
Aqui vivo, como um cinzeiro vazio
Sem sequer usar ou ser usado
Talvez seja verdade
Ou então apenas uma mentira falsa
Sentir o que quer que seja isto
Sem nunca ter dançado uma valsa
A noite é escura
Assusta-me não conseguir ver
Sinto que me estão a observar
E nada posso fazer
Eles existem
Observam todos os nossos movimentos
Esperando uma oportunidade
Esperando uma falha
E quanto a dúvida surgir na nossa mente
Por mínima que seja
Eles vão atacar e aí sofrerás um destino pior que a morte
Porque pior só a solidão, só a agonia, a tristeza de fazer parte de tudo e sentir que não te encaixas em nada
Tenho saudades
Saudades de ser criança
Saudades de não saber de nada
Porque o que eu sei é demasiado
Gostava de não saber tanto
Eu chorei onde os anjos mereciam morrer
Quero fugir
Sair deste mundo
Largar toda a gente
Ir sozinho
Porque no final, tudo o que importa sou eu
Não há ninguém com quem possas contar
Desiste! Não vale a pena!
De que adianta viver se no final nada disto vai contar?
O fim de todos é igual, portanto para quê sobreviver tantos anos para no final sermos apenas um nada
De pó viemos e a pó voltaremos
A noção de "vida" é uma ilusão
Tudo é uma mentira
Porque por mais que tentes pensar que há uma razão, que tu nasceste para fazer algo, que há um motivo por trás de tudo, no final vês que não, que foi tudo uma perda de tempo e que deixarás simplesmente de existir
Não somos nada e ao nada voltaremos
Lágrimas são tão insignificantes