sábado, 24 de março de 2018

Sozinho no meio de toda gente 
Como um caixote do lixo desamparado 
Aqui vivo, como um cinzeiro vazio 
Sem sequer usar ou ser usado 

Talvez seja verdade 
Ou então apenas uma mentira falsa 
Sentir o que quer que seja isto 
Sem nunca ter dançado uma valsa 

A noite é escura 
Assusta-me não conseguir ver 
Sinto que me estão a observar 
E nada posso fazer 

Eles existem 
Observam todos os nossos movimentos 
Esperando uma oportunidade 
Esperando uma falha 
E quanto a dúvida surgir na nossa mente 
Por mínima que seja 
Eles vão atacar e aí sofrerás um destino pior que a morte 
Porque pior só a solidão, só a agonia, a tristeza de fazer parte de tudo e sentir que não te encaixas em nada 

Tenho saudades 
Saudades de ser criança 
Saudades de não saber de nada 
Porque o que eu sei é demasiado 
Gostava de não saber tanto 
Eu chorei onde os anjos mereciam morrer 

Quero fugir 
Sair deste mundo 
Largar toda a gente 
Ir sozinho
Porque no final, tudo o que importa sou eu 
Não há ninguém com quem possas contar 
Desiste! Não vale a pena! 
De que adianta viver se no final nada disto vai contar? 
O fim de todos é igual, portanto para quê sobreviver tantos anos para no final sermos apenas um nada 

De pó viemos e a pó voltaremos 

A noção de "vida" é uma ilusão 
Tudo é uma mentira 
Porque por mais que tentes pensar que há uma razão, que tu nasceste para fazer algo, que há um motivo por trás de tudo, no final vês que não, que foi tudo uma perda de tempo e que deixarás simplesmente de existir 

Não somos nada e ao nada voltaremos

Lágrimas são tão insignificantes